A chegada de novas gerações ao mercado de trabalho e consequentemente ou aos
cargos de gestão, traz à tona diversas reflexões e debates a respeito da forma com que as
transições de comando de propriedades rurais e empresas agrícolas devem ser feitas.

No Brasil, onde segundo dados do IBGE, aproximadamente 90% das empresas têm perfil
familiar, essa passagem de bastão é muito comum, até porque, um dia a liderança do
negócio precisa mudar e neste contexto, na maioria das vezes, quem irá assumir a
responsabilidade serão os filhos ou outros familiares próximos. Porém, qual o melhor
momento para realizar a troca de gestão? Como transferir tantos anos de trabalho e
experiência para quem ainda está começando a entender o mercado? Essas e outras
questões acabam passando pela mente de diversos empresários e claro, de cooperados
da nossa cooperativa.

Pensando nisso, buscamos entender um pouco mais deste processo e trazer ideias e
dicas que podem facilitar e otimizar essas etapas. Porém, antes de irmos direto ao
ponto, é importante entender um pouco mais sobre o contexto em que estamos, não é
mesmo? Então, vamos lá!

Contexto tecnológico e disruptivo?

Estamos vivenciando uma transição geracional marcante que está impulsionando
mudanças significativas no cenário do agronegócio. Com a entrada da geração Z nesse
mercado, ou seja, pessoas que nasceram entre 1995 a 2010, junto com os avanços
científicos e a rápida evolução das redes sociais, estamos vivenciando uma verdadeira
revolução nos valores e nos padrões de convivência, trabalho e comportamento.

A chegada da Geração Z neste cenário agrícola está provocando uma onda de
transformação e ruptura, impulsionada por uma mentalidade menos pragmática e com
valores distintos. Enquanto as gerações anteriores podem ter sido mais conservadoras
em suas abordagens, os “Gen Zers” estão moldando o mercado com demandas por
produtos que atendam a critérios como saúde, qualidade e sustentabilidade. Com uma
preferência por papéis diversos na cadeia agrícola e uma forte ênfase em inovação e
transparência, essa nova leva de profissionais pode estar pavimentando um caminho
para um futuro mais sustentável e dinâmico no setor.

Quando passar o bastão?

Mas então, quais caminhos devo seguir para transferir a gestão da minha propriedade para a família?

Generalizar é quase sempre um erro, até porque, sabemos que negócios se diferem de um para o outro em diversos aspectos, seja no tamanho, no objetivo, nas características, mas podemos concordar que na maioria, o propósito é o mesmo: ter sucesso! Por isso, separamos algumas práticas que, através de pesquisas e análises, acreditamos serem importantes na hora de realizar a sucessão familiar do seu negócio.

• Escolha dos sucessores: às vezes natural, às vezes não, mas a escolha dos sucessores ou sucessoras é o ponta pé inicia e talvez, o mais importante deste processo. A decisão deve levar em conta os aspectos objetivos, como: competências, habilidades e conhecimento técnico e de mercado. Porém, não podemos deixar de lado as questões subjetivas, como: ímpeto, proximidade com o negócio e a vontade realizar sonhos através do negócio familiar.
  
• Comunicação aberta e incentivo ao diálogo: a comunicação aberta e honesta entre os membros da família envolvidos no processo de sucessão é fundamental. Discutir abertamente expectativas, objetivos e planos futuros pode evitar conflitos e construir consenso. Essa transparência promove um ambiente saudável para a transição de liderança, garantindo uma sucessão bem-sucedida e o crescimento contínuo do negócio familiar
  
• Planejamento: é quase unanimidade pensar que qualquer ação planejada possui maior chance de dar certo não é mesmo? Em um processo tão importante quanto este que estamos tratando, elaborar um plano de ações para a sucessão é crucial! Defina com antecedência os papéis de cada um neste processo, responsabilidades, transferências de ativos e funções para que as etapas sejam mais previsíveis.
  
• Apoio externo: buscar apoio de profissionais especializados também é uma alternativa válida e eficiente Consultorias e especialistas podem ser contratados para guiar o processo de sucessão trazendo um olhar de fora mais técnico e menos enviesado. Isso pode evitar conflitos familiares já que a decisões serão tomadas a partir de uma análise terceirizada da situação